Quando falamos sobre biodisponibilidade de cannabis, o termo pode soar estranho e confuso.

Mas de maneira geral, a biodisponibilidade é o grau que uma substância está disponível ou acessível para agir diretamente em um determinado ponto do organismo, significa o quanto ela pode ser absorvida.

Quanto maior a biodisponibilidade, menos a quantidade do medicamento será necessária para fazer efeito. Aplicações intravenosas, por exemplo, que vão diretamente para a corrente sanguínea, são quase 100% biodisponíveis.

Cada pessoa tem uma genética única, por isso, vai responder aos medicamentos de formas diferentes. Fatores como idade, o tipo de doença e a introdução de outros medicamentos também influenciam na biodisponibilidade.

Biodisponibilidade da cannabis

No entanto, para entender a relação com a cannabis é preciso ressaltar que tudo isso tem a ver com um sistema chamado Sistema Endocanabinóide. Ele ajuda a equilibrar boa parte do organismo a nível celular.

Se alguma sensação como fome ou humor, por exemplo, não está funcionando de forma correta, é o sistema que vai auxiliar para regular as funções.

Quem trabalha neste sistema são os canabinóides, produzidos pelo próprio corpo. Substâncias que influenciam nas funções do organismo promovendo a chamada homeostase, que nada mais é que o equilíbrio deste sistema.

A grande vantagem da cannabis é que ela também produz canabinóides. Embora suas funções na planta sejam para proteger do sol e de pragas, eles podem facilmente interagir com o nosso organismo, como uma espécie de reforço para os nossos próprios canabinóides.

O famoso canabidiol (CBD) e o tetra-tetraidrocanabinol (THC) também são canabinóides, que graças a tecnologia, podem ser isolados para aproveitar ao máximo as suas propriedades terapêuticas juntos ou isoladamente.

Por isso, a biodisponibilidade da Cannabis é alta. É isso também o que a diferencia de outros medicamentos e o torna mais potente.

Outras influências

Outro fator chamado Efeito Entourage também influencia na maior potência da cannabis no corpo. Quando se mistura dois elementos, como CBD e THC, por exemplo, há a possibilidade de um aumentar o efeito do outro.

O efeito pode estar relacionado também aos terpenos. Encontrados na planta, eles são menos conhecidos que os canabinóides, mas também exercem uma função importante, principalmente quando misturados a outras substâncias que potencializam os resultados.

Um estudo feito em 2012 com os canabinóides mostrou que consumir a cannabis com o estômago cheio pode resultar em uma biodisponibilidade maior que em jejum.

Diferença da biodisponibilidade da cannabis

Embora a cannabis tenha uma biodisponibilidade alta, há fatores que podem influenciar na sua absorção. O modo com o que ela é extraída e administrada também modifica o tempo que ela demora para ter efeito, mas isso é outro assunto.

Fumo

Vamos começar com o cigarro de maconha, que tem uma alta concentração de THC. Embora ela gere efeitos mais rápidos, pois ele entra nos pulmões e depois diretamente na corrente sanguínea, a sua biodisponibilidade pode variar.

Primeiro que 30% do canabinóide é perdido durante a porílise, ou seja, quando exposto a altas temperaturas da queima do cigarro. Fatores como o tempo de cada tragada, a duração do cigarro também podem influenciar a perda do THC, restando de 30% a pouco mais de 50%.

Vaporização

Os vaporizadores têm menos efeitos prejudiciais e também uma maior biodisponibilidade. Um estudo realizado em 2016 testou a erva com cinco marcas diferentes, e constatou que a biodisponibilidade do CBD e do THC juntos, foram de 50% a 80%.

Inalação

Os inaladores produzem uma pureza ainda maior que os vaporizadores e  também são ainda mais biodisponíveis, principalmente porque conseguem transmitir um “valor” de THC ou CBD de forma mais precisa, sem a destruição de parte dos seus compostos.

Tópico

As propriedades terapêuticas dos cremes acontecem com o contato da pele, onde são absorvidos pelas células da superfície, e consequentemente para as correntes circulatórias. Embora mais utilizados para a estética, eles também liberam CBD e THC para ajudar no tratamento de doenças.

O interessante aqui é que a biodisponibilidade do THC não produz a famosa “brisa”.

Oral

As comidas que levam THC ou CBD talvez são as que menos carregam biodisponibilidade, que gera em torno de 4% a 20%. Isso porque elas precisam percorrer todo o sistema digestivo e o fígado.

A ingestão de THC, por exemplo, embora bastante absorvidas pelo intestino delgado, tem uma biodisponibilidade média de 6%. Não só ele como também o CBD, que pode causar disso, já foram inventadas várias formas de aumentar essa biodisponibilidade, como a junção de alguns ácidos graxos chamados triglicerídeos.

A junção entre uma refeição com os ácidos antes de ingerir a cápsula ou a comida de CBD, pode melhorar a absorção, por exemplo.

Sublinguais

A aplicação sublingual é caracterizada por colocar o produto embaixo da língua por alguns minutos. Para quem utiliza a cannabis medicinal, talvez essa seja a forma mais comum de se utilizar a cannabis.

Por não ser engolida de imediato, ela não passa pelo sistema digestivo e nem pelo fígado, o que pode causar uma maior biodisponibilidade, no entanto, ela beira entre 15% a 25%.

Fonte adaptada do site https://cannalize.com.br/o-que-e-biodisponibilidade-entenda-relacao-com-a-cannabis/